quarta-feira, 10 de julho de 2013

Isto da religião

A pedido dele, que encontra mais respostas na religião do que eu, fomos a Fátima para uma limpeza de alma. Passeio de domingo calmo que aguardava com alguma expectativa, pois há muitos anos que não visitava o lugar de peregrinação de excelência de muitos devotos. Mas confesso que fui mais como curioso do que propriamente crente. Embora seja crismado, objectivo de adolescência que fiz questão de fazer, há muito que não me identifico com a religião. Não quero dizer com isto que não acredite em algo superior a mim. Até porque sinto uma alma, ou espírito se preferirem, dentro do meu corpo. Mas a verdade é que fui para observar os outros. Fátima pareceu-me um local completo, cheio de 'atracções' para cada necessidade. A Capela, a Basílica, a estátua erigida a João Paulo II, a compra das velas, a queima das velas, o pagamento de promessas de joelhos, um sem número de locais para deixar donativos... enfim, todo um mundo que me causou alguma estranheza. Mas o que realmente me deixou pensativo foi exactamente a atmosfera pesada que se vivia no Santuário. Senti desespero praticamente em todos os que me rodeavam. Senti que aquela era a sua última hipótese para conseguirem o que quer que seja. Senti que o que deveria ser um lugar feliz e seguro (não será isto que Deus, nosso Pai, desejaria para os seus filhos?!), era um poço de angústia. Mas o certo é que o meu namorado voltou de alma fresca, mais leve e calmo. Já eu voltei desidratado e ligeiramente bronzeado.

11 comentários:

  1. :) O meu miúdo também foi recentemente (eu não o acompanhei...). E voltou de lá com um certo desconforto, precisamente por aquilo que descreves...

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  2. Como eu te compreendo. Tenho praticamente as mesmas convicções religiosas que tu e Fárima pareceu-me sempre, se não um embuste, pelo menos uma forma de explorar o crente inculto e sempre pronto a acreditar em promessas.

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    1. Por vezes penso que nem é das religiões que mais explora o crente. Há por aí tantos movimentos piores...

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  3. Não pratico nenhuma religião, tendo sido educado de uma forma bastante liberal. Evidentemente, cresci no seio de uma família católica, contudo, fui muito 'abençoado' com os pais que tenho: nunca condicionaram a minha liberdade religiosa. Na adolescência, céptico e crítico como sempre fui da realidade e do mundo, pus em causa os dogmas católicos, questionando-os e tentando compreendê-los à luz da Razão. Nenhum me domou.

    Acredito em algo superior. Para quem explica a nossa crença em Deus na não aceitação da eterna solidão do Homem, posso dizer que acredito Nele baseando-me na mera lógica: a Natureza está disposta de uma forma inteligente. Há inteligência em tudo ao nosso redor. Ora, o 'nada' não é inteligente, logo, tem de haver uma causa primária como princípio. Esta é uma das minhas explicações. Tenho outras, mas, enfim, ocupar-me-ia muito tempo e espaço na tua caixa de comentários. Talvez escreva sobre isto um dia...

    Já no que diz respeito à Igreja Católica, sou um crítico acérrimo de tudo o que envolva a sua espiritualidade, respeitando, por certo, a fé individual de cada um. 'Fátima' é um negócio. Não sei se terá aparecido uma Virgem aos pastorinhos; o que sei é que Jesus expulsou os vendilhões do templo, para quem acredita, demonstrando que todo e qualquer negócio usando o nome de Deus será ilícito aos Seus olhos. Jamais poderei reconhecer qualquer credibilidade a uma religião que se contradiz há milénios. Vejamos a veneração de imagens, como 'Fátima', numa clara violação de um dos mandamentos que Deus escreveu nas tábuas da lei a Moisés, no alto do Monte Sinai. A par da Santíssima Trindade, não sei quantos 'deuses' a Igreja Católica terá. Nesse e noutros aspectos, tenho mais consideração por algumas igrejas protestantes e até pelo Islão.

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    1. Penso que a certo nível é preciso contextualizar todos os dogmas. Gosto de pensar na religião em algo como um guia para uma vida de paz, pelo Bem maior e respeito pelo próximo

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  4. Desculpa ser do contra. Estou com o teu namorado.

    Fátima para mim, é um lugar de Paz e Tranquilidade. Como diria a minha avó "Só se lembram de Sta Bárbara quando faz trovoada..."

    Tivemos um caso super conhecido, não fosse o senhor uma figura do nosso país, que quando adoeceu. Céptico ao mais alto nível, mas não chegou a ir a Fátima.Quis ir ao Vaticano a até a esposa do senhor cumpriu o protocolo exigido pela Santa Sé...

    Por vezes as pessoas estão tão desesperadas, angustiadas pela vida. Que fazem promessas, que vários Papas e Cardeais já frisaram que não há necessidade de dor... Deus é Amor...

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    1. Numa coisa concordamos... Deus é Amor e mais não deveria ser necessário

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  5. Não havia água no Santuário?
    Para mim é prova bastante de embuste.
    :P

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    1. Haver, havia. E também uns escuteiros simpáticos que nos enchiam as garrafas eheheh

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  6. Há duas coisas muito diferentes: a igreja e Deus. Eu acredito em Deus, mas nem sempre acredito na igreja. Apesar de ser católico "semi" praticante.

    Quanto a Fátima, é uma pouca vergonha. Já lá trabalhei, e tinha um colega de trabalho (que como eu era de fora de Fátima), e dizia que ainda estava para conhecer pessoas tão gananciosas como as de Fátima... Todo aquele comércio agressivo nada dignfica o espaço.

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