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Estojo recheado de canetas Bic que adorava. Uma azul, uma vermelha e uma verde. Depois apareceu aquela caneta que tinha todas as cores mas era tão grossa que não dava para escrever e a primeira letra do meu nome saia sempre torta. Já era difícil escreve-la bem, quanto mais com aquele monstro. Depois uma borracha. Tinha de ser das azuis e vermelhas. O lado azul era mais áspero e o primeiro a desaparecer. Como tenho um problema de dicção, escrevia o que falava e dava erros com fartura. A borracha arcaica apagava os erros dados em português, lacerando o papel pautado, por vezes, deixando verdadeiras crateras. Os cadernos tinham de ser daqueles de lombada pretos, A4. A professora Odete não gostava dos que tinham as espirais. Os livros de estudo impecavelmente plastificados pela minha mãe. Quanto ao lápis, tinha um eleito: aquele com a tabuada ao longo do corpo. Infelizmente, adorava usar o apara-lápis, aquele de metal que funcionava até enferrujar. O bico do lápis tinha de estar sempre impecavelmente afiado. Primeiro desaparecia a tabuada do 1, seguida pela tabuada do 2, e por aí adiante. Também, as multiplicações mais complicadas de decorar eram mesmo as últimas por isso estava safo durante umas semanas. Mesma história para os lápis de cor, que, no entanto, duravam sempre mais do que os de carvão. Quanto à régua não tinha grande preferência. Mas gostava de uma que também tinha formas geométricas para decalcar. A cola UHU tinha uma esperança de vida limitada: colocava cola na palma da mão e mexia até formar uma goma que levava à boca. Uma morte rápida também tinham as canetas de feltro, que secavam por nunca as tapava. A mochila tinha mesmo de ser o elemento mais resistente e durar mais do que um ano lectivo. Primeiro porque era mais cara. Segundo porque o meu pai tinha a mão pesada.
engraçado, foi o início do ano lectivo que te desencadeou a memória? engraçado, as memórias que temos desta fase da infância - a da descoberta e domínio das formas das letras e dos sons - tem sempre qualquer coisa de mágico.
ResponderEliminarEu gostava muito daqueles cadernos que traziam na capa os monumentos: faziam-me sonhar...
ResponderEliminarIsso é nostalgia?
ResponderEliminarA minha professora exigia que comprássemos daqueles que diziam «caderno diário», tinham um tinteiro desenhado e reservavam uma ou duas linhas na frente para indicar o nosso nome e o ano lectivo. Dentro da sala de aula também só podiam ser esses. Nada de espirais.
ResponderEliminarEu lembro-me que gostava de comer o lado azul da borracha (a parte pra apagar tinta :s)
ResponderEliminarBlogliker a minha professora era ihual a tua nos cadernos. Eu adorava o cheiro dos lapis de cera, de feltro, atecdos pois de cor.
ResponderEliminarFoi na primaria que aprendi a gostar de aguarelas...
um pouco de nostalgia. Adorava o cheiro a novo de uma mochila equipada
ResponderEliminarGostei da recordação. Também tenho destes momentos de nostalgia.
ResponderEliminarPermite que acrescente mais duas que me recordo: os lápis de cera que se partiam facilmente e que pouco tempo depois já andávamos com 24 lapizinhos numa caixa de 12 e o pico e a esponja, para os picotados.
Eu tinha uma mochila do Alf que cheirava a azeitonas quando se molhava...
ResponderEliminarXiii, picotar. Era tão giro, com todos os papéis de diferentes core.
ResponderEliminarCowboy, com esse cheiro deve ter sido difícil arranjar colega de carteira :)
O pico e a esponja bateu tudo,sózinho acho que já não me conseguia lembrar desses dois!...Mas para mim, a loucura eram mesmo os lápis de côr e os de cera!Todos os anos tinham mesmo de ser novos e mais!E por altura do Natal já iam todos roídos na ponta!...Ainda hoje adoro entrar num supermercado ou papelaria nesta altura do ano e ficar ali a contemplar as novidades...
ResponderEliminarFantástico. Também tenho saudades desse tempo apesar de não estar tão distante como o teu :)
ResponderEliminarMas nessa altura era duas ou tres mochilas por ano, lápis e canetas sempre a estragar, borrachas perdidas, por aí. Ah! Melhor ainda era quando o tubo de cola se alastrava pelo estojo e ficava uma mizéria. Bons tempos :)
Lol, este post vem mesmo a calhar...
ResponderEliminarLembro-me tão bem desses cadernos diários com o tinteiro, tinham uma capa de plástico semi-transparente, que eu detestava. O que mais gostava mesmo era a régua, que tinha uma série de figuras para decalcar. O meu sonho era ter daquelas que tinham as letras todas, mas o destino não quis...