domingo, 27 de março de 2011

Carta de Despedida

Querido Patrão,

Engraçado como o tempo passou a correr. A brincar, a brincar foram quase quatro anos que trabalhei para si. Lembra-se de quando nos conhecemos? Julguei-o mal, tenho de admitir. Sabemos bem que as aparências iludem mas você surpreendeu-me bastante. Pareceu-me uma pessoa sensata, trabalhadora e capaz. As semanas foram passando e, invés de um patrão respeitável, acabei por perceber que você era extremamente mal formado. Afinal, só herdou esta empresa porque o seu irmão faleceu. Não tem mérito nenhum no que existe hoje, tem de admitir. E se o seu irmão não morresse, hoje você não seria nada.

Vá patrãozinho, não veja a minha saída como uma traição. Não lhe desejo mal. Já você nem o bom dia me desejava de manhã. Deve ser por medo de parecer fraco. Desejar o bom dia aos funcionários, onde já se viu.  Sempre era melhor ignorar.

E as nossas conversas? Lembra-se de como se entusiasmava por pensar que me estava a ensinar alguma coisa? Lamento, foi tudo encenação. Você metia-me até um pouco de nojo porque só me conseguia focar na verruga que tem no pescoço. Juro que até ela bocejava durante as nossas reuniões.E essa mania de fumar em locais fechados (e proibidos) tem de terminar chefinho. Além do mau-cheiro que fica, é bem bom para cancros pulmonares.

Ah, mas tenho de reconhecer que foi o primeiro que me deu uma oportunidade em ser editor de uma publicação. Por isso agradeço-lhe porque ganhei bastante experiência e foi graças a ela que hoje lhe digo que encontrei algo melhor. Lembra-se da nossa conversa quando disse que o ordenado seria revisto assim que a nomeação se tornasse oficial? Pois, nunca aconteceu... já lá vai quase 2 anos. Mas nem por isso o trabalho diminuiu.

E sim. Lamento que eu tenha de chegar a este ponto. Vou-me embora para um lugar onde me oferecem melhores perspectivas de carreira. Se vão realmente acontecer? Não sei patrãozinho mas sempre é melhor do que ficar aqui a marinar. E não: o problema não é seu. É mesmo meu porque, aparentemente, não consigo trabalhar para idiotas.


Atentamente

Speedy

9 comentários:

  1. Ai, Speedy, a-d-o-r-e-i. :D LOL
    Está fantástica! Bom seria se ele a recebesse. LOL

    Mas, de facto, deve ser um homem, digamos, gosmento... Isto para não utilizar um outro adjetivo que rima com o escolhido... A verruga matou-me! Blharrrrgh! LOL

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  2. Bela carta de demissão! O uso do diminutivo em patrão revela todo o "carinho" que tens por ele.
    Adorei. Abraço,
    Ikki

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  3. Genial a carta de despedida.

    Sucessos no novo trabalho e com aliança no dedo XD

    Abraço

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  4. Muito boa! Tem direitos de autor? ;)

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  5. Excelente e pelo que vejo, apropriada para o destinatário...

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  6. Ai, o que não fosse de nós (blogueiros) sem os nossos "estaminés" para desentupir a fossa séptica que bloqueia a nossa liberdade de expressão (e moralidade).
    Cumprimentos.

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  7. obviamente que fiz precisamente o contrário. Eu adoro trabalhar lá e só me apetece dar beijinhos a toda a gente. E juro páh, que estou muito triste por me ir embora.

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  8. *whip* bem dito! gente que manda sem mérito para o fazer é das coisas mais enervantes que existe.
    boa sorte no novo emprego ;)

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