sábado, 10 de março de 2012

Do trabalho

A ingratidão é para mim uma das coisas de mais difícil digestão. Fico com uma azia tal que não vai lá com Gaviscon. Há pouco mais de duas semanas tive uma pequena conversa com o meu patrão - na verdade foram quase duas horas de small talk - que serviu basicamente para ele reduzir em 10% a minha vontade de continuar a vender-lhe o meu tempo e disponibilidade. Sim, porque para mim é exactamente isto que um ordenado compra. Caralho!! 10% e nem sou funcionário público. "É a crise" blablabla "O mercado está complicado" blablabla "Se não aceitares despeço a tua colega" blablabla. Desde então tenho repensado toda a minha vida e escolhas profissionais. Qual o objectivo de continuar a trabalhar, de investir o meu tempo e suor numa área que adoro mas, no final, não ser recompensado para isso? Ou seja, até que ponto é importante ser fiel à minha formação se ela nunca me dará a estabilidade que anseio?
A minha geração foi educada e incentivada a lutar pelos seus sonhos. Foi enganada a pensar que poderíamos ser felizes a trabalhar na área que amamos, a ter orgulho na nossa profissão. De que me tem valido, nestes últimos anos, de poder apresentar-me a alguém como jornalista? Ou mais recentemente, qual o orgulho de poder dizer que "Sou assessor de comunicação" quando vejo o meu ordenado a mirrar para níveis que já tinha superado há anos? Não valerá mais a pena investir num negócio pessoal e suar pelo meu bem estar? 
É neste ponto que me encontro agora. Tenho a possibilidade de abrir um negócio que, tenho a certeza, não é o meu negócio de sonho. Mas que duplicará, logo a curto prazo, a minha estabilidade financeira. E como os sonhos não enchem o estômago, estou muito tentado a arriscar. E sempre poderei dizer que sou entrepreneur. Ainda é sexy não é?

12 comentários:

  1. É lícito procurar uma vida mais estável, principalmente nos tempos que correm.
    Quando não podemos juntar o útil ao agradável (fazer o que gostamos), devemos dar a preferência ao útil.

    ResponderEliminar
  2. Arrisca... quem sabe não se torna algo que venhas a gostar?

    ResponderEliminar
  3. Para onde posso enviar o meu CV para ter o "prazer" de trabalhar contigo? Ehehehehehhehehehehhehehehe

    Abraço

    P.S - Pensa bem, antes de arriscares. Estamos numa altura, onde é melhor ser subordinado que patrão :)

    ResponderEliminar
  4. Lá sexy é, mas concordo com Francisco, os tempos não estão nada bons para arriscar. Ou conheces muito bem o mercado e o teu negócio tem potencial para crescer ou então esperaria por melhor altura. E digo-te isto com conhecimento de causa porque aqui há cinco anos atrás abri uma loja com produtos que nem sequer havia cá e só me aguentei 3 anos aberto. Abraço.

    ResponderEliminar
  5. Realmente, é muito chato vermos os nossos sonhos / expectativas naufragarem num mar turbulento. :/ 10 % ainda é algo substancial. A verdade é que vai diminuindo... :/

    Quanto ao negócio: enfim, é um risco, acrescido neste momento de profunda crise económica que vivemos em Portugal. Eu, no teu lugar, reflectia com calma. Não o faças de "cabeça quente". Espera que a conjuntura do país melhore (!!!); por enquanto o risco é alto demais. :/

    Abraço.

    ResponderEliminar
  6. Passei por isso na semana passada, me decepcionei com a proposta que recebida de meu chefe, mas...
    Tenha paciência garoto, mas sempre buscando o melhor para ti, seja no emprego atual ou em outros empregos...
    Sucessos

    ResponderEliminar
  7. Bom, a insatisfação com os rumos da empresa que eu trabalhava me levaram a buscar alternativas que culminaram no post da semana passada... mas não foi uma busca fácil, houve momentos em que parecia que nada daria certo ou que não havia solução.

    Tens paciência e não vá tomar nenhuma atitude precipitada, mas pondera, prepara-te e quem sabe? Nada impede que usar essa insatisfação na pesquisa e coleta de dados para essa nova oportunidade, as vezes tudo o que é necessário é um pouco de calma...

    Fico na torcida...

    E que a força do medo que tenho, não me impeça de ver o que anseio.
    E que a morte de tudo que acredito não me tape os ouvidos e a boca.
    (Fernando Pessoa)

    ResponderEliminar
  8. É foda isso. A parte boa da profissão que escolhi é que emprego nunca me vai faltar. A parte ruim é que todo professor aqui no Brasil morre cedo por estresse, bala perdida, alunos ligados ao tráfico, etc, etc...

    É sempre uma escolha difícil, mas sobreviver é importante. E as vezes pra isso, é necessário abdicarmos muitas coisas. As vezes a gente aprende a gostar do novo. Outras vezes não. No fim, é tudo uma grande tentativa.

    Beijo!

    ResponderEliminar
  9. Obrigado pelos vossos conselhos e palavras de força. Os próximos dias vão ser decisivos. Darei notícias :)

    ResponderEliminar
  10. Estás numa situação complicada, mas uma coisa que aprendi nesta vida, é que se não acreditas verdadeiramente num negócio tens meio caminho feito para a forca. Claro que podes ser entrepreneur em tantas áreas de negócio que é impossível, com os dados que aqui dás, formar uma opinião de jeito. Esmera-te no plano de negócios, arranja um sócio, e prepara-te para suares as estopinhas.

    ResponderEliminar
  11. Speedy,chego tarde bem sei. Contudo não queria deixar de mostrar-te o meu apoio. Independentemente da decisão que tomares estaremos (estarei aqui para apoiar-te.
    Uma forte abraço.
    Até já.

    ResponderEliminar
  12. Em 2007 estive nesse mesmo lugar: enchi o peito de ar, puxei os ombros para trás e segui em frente! E a vida, que dá tantas voltas, levou-me por inúmeros caminhos enriquecedores que me permitiram chegar hoje a uma posição confortável.

    Se acreditas que és capaz, faz.

    ResponderEliminar