Serei só eu que fiquei triste e revoltado com o episódio da Pêpa, ou lá como a rapariga gosta de ser chamada. Não triste e revoltado como a massa carregada de cólera que crucificou, hipocritamente, a rapariga nas redes sociais. Triste e revoltado porque, aos trinta anos, descobri que o pequeno bully dentro de nós, que se manifestava tantas vezes nos primeiros anos de escola, estava simplesmente adormecido. Que por mais que amadurecemos, ele, falso silencioso, sempre se manifestará em grupo quando um elemento ousa ser diferente. A pequena Pêpa, com os seus trejeitos queques, desejos fúteis e sim, cabeça aparentemente cheia de dióxido de carbono, disse o impensável. Os seus verdadeiros desejos para 2013. Um objecto de luxo (será?), para o qual teria de juntar dinheiro, imagine-se, através do seu trabalho. Lamento, mas eu também tenho os meus desejos fúteis. Ao comer as doze passas não desejei paz no mundo ou a cura para o cancro. Um dos meus desejos foi dinheiro. Dinheiro para os meus brunchs de fim-de-semana, a consola de jogos que ando a namorar, o resto da decoração da minha casa e uma viagem para um resort com o meu parceiro. Estamos em crise e claro que a Samsung poderia ter tido mais sensibilidade para o actual contexto económico. Poderia. Mas o desempregado nem era, tão pouco, o target do anúncio. O target era aquele com dinheiro no bolso para gastar em futilidades. E, por mais que doa a alguns, este não devia ser obrigado a esconder-se nem deveria ter de pedir desculpa. A pequena Pêpa só queria uma mala. E foi atacada devido a um briefing infeliz.
também não gostei do modo como foi crucificada, incluindo muitos da esquerda caviar. a samsung errou e deu um grande tiro no pé, aliás, ficou perneta com esta campanha infeliz. não conhecia o blogue dela e assim fui lá visitá-lo. como centenas de blogues de moda, não me diz nada, mas para muitos que os seguem, são um missal e gostos não se discutem.
ResponderEliminaré o suor dela, as poupanças dela, se quer uma carteira chanel de 3.000 €, que poupe para o seu sonho.
irrita-me o discurso de o país estar em crise e todos temos de ser pobrezinhos e se mencionarmos uma viagem ao estrangeiro, um jantar fora, uns tenis xpto somos apedrejados.
Amei a expressão 'esquerda caviar'. Entra diretamente para o meu léxico.
EliminarContente por te ver de volta :)
ResponderEliminarSomos o povo que somos, não há volta a dar :S
Abraço amigo
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarCompletamente de acordo contigo.
ResponderEliminarAs redes sociais tanto tomam iniciativas meritórias, como "exterminam" pessoas. É um poder real e perigoso.
E as pessoas nos seus comentários mostram por vezes uma agressividade absolutamente desproporcionada e doentia; basta ver o caso da petição contra o abate do Zico (como se chamava a criança?).
Curiosamente, ainda não conheço (até pode ser que haja), um movimento a condenar os pedidos de reforma de autarcas com poucos anos de trabalho, mas cujo tempo de serviço conta a dobrar, como o caso da autarca de Palmela (PCP).
Eu nem sabia que ela tinha sido crucificada... e não me parece que a situação de crise seja justificação para a criticar. Mas trata-se de uma "caricatura" divertida de um certo tipo de pessoas, com os seus tiques de fala, os seus interesses fúteis, a sua pose inchada e centrada em si mesma... não é algo que me agrade e acho que não devo ter muitos interesses em comum com ela, mas também não me desagrada, nem me entristece, nem me revolta, porque não prejudica terceiros. Ela existe e é assim, ponto! Sou defensor, por princípio, da diversidade...
ResponderEliminarFoi uma campanha que não funcionou... nem para a marca, nem para a Pêpa... daí a ser bullying toda a "crucificação"... bem, já é discutível. Ela é uma figura que se expôs ao público e como tal, às vezes, isso pode dar aso a situações desde género. É o risco que muitos têm de correr quando se expõem. Ela não foi poupada... se bem que quem não deveria ter sido poupada era a marca, que fez uma péssima campanha.
ResponderEliminarUhm.
ResponderEliminarNos meus grupos das redes sociais foram poucas as partilhas do vídeo, e quase inexistentes os comentários de escárnio. Depois de ter visto o vídeo, também não me senti ofendido ou com vontade de ridicularizar. Vai daí, precisas de um grupo novo, mais tolerante e com outros interesses. Digo eu.
Creio que a menina tocou num ponto nevrálgico dos milhares de desempregados jovens que passam o dia nas redes sociais. Na espiritualidade usa-se, com frequência, a velha máxima de auto-consciência que diz 'O que não existe em mim, não me incomoda'. Se houve tantos incomodados... é porque talvez hajam muitas Pêpas escondidas a precisarem de um coming out.
Isto também foi tema de conversa cá em casa. Parece que agora é proibido ter planos e objetivos pessoais. Oh please... criticam a inteligência da Pêpa mas não são capazes de muito melhor. A unica beneficiada aqui foi mesmo a Channel!
ResponderEliminarEu fico sempre solidário com as pessoas que apenas querem uma mala.
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