sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Dormência

Serei o único francamente desiludido com este país? Estará o povo acostumado às barbaridades que estão a acontecer e demasiado adormecido para se manifestar? Ou exigir penalidades judiciais para a má gestão governamental? Estou cansado de políticos de bancada, que se revoltam em mesas de café para depois não agirem. Este último pacote de austeridade anunciado pelo Governo deitou por terra as minhas crenças de que estávamos no caminho certo. Medida atrás de medida, o alvo é sempre o mesmo e a classe média em breve deixará de existir. Aqueles que vivem em cenários sociais mais frágeis... nem sei como vão viver nos próximos cinco anos. Cortes nas pensões, ordenados, ajudas sociais, IVA, IRS... todos os cortes e aumentos abrangem os que menos auferem. E sem classe média como se recupera a economia? Estou desmotivado com o que vejo. Sinto-me dormente por não haver um roadmap para a recuperação do país. É como os trabalhos rodoviários: tapa-se com areia para que no Inverno o buraco simplesmente volte a aparecer.

Gostava de ter uma vida estável. Felizmente tenho um óptimo suporte familiar, pelo que sei que a crise vai passar-me relativamente ao lado. Mas quero a minha independência, quero ser capaz de me suportar sozinho. Trabalho já há algum tempo e progressão na carreira está visto que é nula. Disseram-me que o jornalismo era como uma longa caminhada no deserto. Tão pouco cheguei a um salário de quatro dígitos e, pelo caminho que o país está a seguir, não chegarei lá tão cedo. Além disso, já não suporto o meu local de trabalho.

Ando seriamente a pensar em emigrar. Pela primeira vez coloco essa possibilidade e desistir deste país. Quando comentei com o Luís disse-me prontamente: vamos.Também ele está cansado dos recibos verdes, de lhe terem baixado o (possível) ordenado, das poucas perspectivas de melhor emprego e, cereja em cima do bolo, das portagens nas SCUT.

Para já estamos a pensar na Suíça.

13 comentários:

  1. Eu, se um dia o meu namorado estiver disposto a tal, também quero emigrar. Até eu que apenas tenho 16 anos sei ver que isto é uma desgraça e está cada vez pior. Se decidirem mesmo emigrar, desejo-vos a maior sorte. Vai correr tudo bem :P
    Obrigado pelo teu comentário =D Vou continuar a escrever com certeza :P Fica atento ao blog porque dia sim dia nao vou postar novos textos. E prometo que os próximos textos também são bastante bons. Vale a pena :)
    Abraço

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  2. também são conversas que já passaram por este lado...

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  3. (mas suiça não que a impressão que eu tenho é que os portugueses não são das nacionalidades mais apreciadas por lá...)

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  4. Francamente não posso concordar mais, só serve para cada vez mais ter a certeza que o meu futuro está no Brasil. Não estudei tanto para ser assim recompensado. Não sei sinceramente para quê que caminhamos mas não vejo a luz ao fundo do túnel… Os meus amigos bem inteligentes foram que já se puseram ao fresco.
    Abraço.

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  5. Já ponderei essa hipótese. Escrevi sobre isso há umas duas semanas. Não há saídas neste país... Aqui ao lado, Espanha também não é melhor solução... tem de ser mais longe. Tenho amigos na Alemanha.

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  6. Já há muito que o espírito passou a ser pensar não só como Portugues, mas também como Europeu. Temos que estar preparados para ter que sair do nosso território e ir em busca de uma vida melhor lá fora.
    Mas no teu caso não aconselharia. É certo que não ver evolução no trabalho é frustrante e chato, mas se tens o tal "suporte familiar" e podes dizer que a crise te passa um bocado ao lado, guarda essa mudança para mais tarde. Não te esqueças que a crise é internacional, e dificuldades vais ter sempre.. eu no teu caso esperava até a situação abrandar. Mas bem, faz o que te fizer sentir melhor, desde que continues a escrever para nós está tudo optimo :)

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  7. em comunicação social, senão estou em erro, e de acordo com o que me disse 'gente' da área, que Londres é talvez a melhor solução...

    bom blog :)

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  8. Creio que o melhor é analisarem primeiro os prós e os contras. Estarem ambos de acordo em relação ao destino a escolher...

    Terem a noção que irão sentir a falta da nossa lingua, que o estilo de vida irá mudar, que a frequência de visitar a familia ou amigos é de uma a duas vezes por ano.

    Se não vives com o teu namorado, experimenta a ir viver com eles uns meses antes. Isto de se dividir o mesmo espaço, as contas, tem muito que se diga...

    E, é importante, ambos já terem emprego garantido no local escolhido.

    Só vos posso desejar os melhores sucessos

    Abraço

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  9. para já é apenas um plano e não será algo para concretizar a curto-prazo. Estamos a falar, atentos às oportunidades e se tudo se conjugar quem sabe se não arriscamos.

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  10. O meu descontentamento foi bem expresso no meu último post.
    Sobre emigrar, a possibilidade de o fazer, na minha idade, só poderá ter um destino: a Sérvia; mas é um país demasiado complicado nalgumas questões, principalmente ligadas aos ultra-nacionalismos e homofobia asfixiante, além do nível de vida ser ainda menor que aqui. Só concebo ir para lá, se tivesse dinheiro para manter lá um bom apartamento e dividir o meu tempo entre aqui e lá: por isso continuo a jogar no euromilhões!

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  11. Este país está a passar-se! Mas a coisa não fica dentro de fronteiras, vem de fora. O problema é que cá dentro também há muito para resolver, a começar pelo exagero nos impostos e nos gastos do Estado. Os "democratas" que temos só sabem encher as barriguinhas e acabarão por entregar o nosso destino aos "salvadores da Pátria", que não serão melhores! Este é um país de MORCÕES e o Povo só segue o exemplo dos seus "líderes". E é tanta, a "mocãodade"!!!

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  12. O tema da emigração é recorrente por aqui. Talvez abrande um pouco agora que o P já começou a trabalhar, mas volta e meia volta à baila.
    Felizmente na minha área profissional (e na dele também) há uma relativa facilidade em arranjar emprego em alguns bons países. As hipóteses que já tive:
    1) Suécia - a minha fase heterossexual impediu a emigração;
    2) Noruega - apesar do pouco norueguês que falo, nem isso era exigido, eles ofereciam-me o curso. E note-se o pormenor que me disseram na entrevista "Nós sabemos que está habituado ao Sol de Portugal, mas a cidade onde o vamos colocar é a cidade com mais horas de Sol em toda a Noruega". :-)
    3) Abu Dabi - bom salário, boas condições, mas muito longe da família.
    4) Holanda - seria um sonho, e talvez convencesse o P a alinhar. O problema: a língua.
    Já houve outras propostas, mas não ao ponto de saber que tinha o lugar assegurado.

    Moral da história: o que é que eu estou a fazer aqui? :-(

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