quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Por vezes, é bom ser jornalista

De entre toda a merda de gente que conheço, pessoas profundamente cinzentas, com as quais tenho de falar, mostrar algum interesse e fazer um "broche" (termo pouco técnico mas recorrente em jornalismo quando se elaboram artigos apenas para agradar a alguém), por vezes tenho o privilégio de contactar com pessoas absolutamente formidáveis. Regalias de uma profissão mal-amada. Tratam-se de mentes visionárias, com um pensamento que não encontra eco na generalidade dos portugueses. E nesses casos, eu é que sou o privilegiado por essa determinada individualidade me dispensar alguns minutos da sua vida para responder às minhas questões. Hoje tive o prazer de contactar, de formas diferentes, com duas personalidades.

De manhã assisti ao discurso de Al Gore, antigo vice-presidente dos Estados Unidos e Nobel da Paz, no âmbito de um Fórum da SAP (multinacional especialista em software). Inspirador, afável e com uma retórica de invejar, Al Gore cativou-me por completo. A mim e às centenas de empresários presentes. O tema, obviamente, foi dedicado à Sustentabilidade e Estratégias Económicas para a área ambiental. Infelizmente, não me foi dada a oportunidade de falar com ele. Não pertenço a um Expresso, Público, RTP ou semelhantes. Tão pouco sei se estes meios conseguiram, mas parece que o Al Gore tem uma política muito restrita no que toca conversas com os Media.

De tarde, fui entrevistar Steve Lewis, mentor do projecto Living PlanIT. Trata-se de uma personalidade mais low profile, mas vão passar a ouvir mais deste senhor nas próximas semanas. Conheci-o há um ano, quando apresentou pela primeira vez o seu desejo de edificar uma Cidade Inteligente, completamente tecnológica e amiga do ambiente. Um projecto de renome mundial e que começa a ganhar forma: já está em fase de construção em Paredes. Isso mesmo, no norte de Portugal. Ao bom estilo cowboy, com muitos "fucks" e "bullshits" pelo meio, explicou-me o que mudou desde há dois anos, o que já conquistou e os seus planos para o futuro. E é absolutamente incrível o quanto este projecto único pode mudar Portugal, ao nível do Conhecimento, Pesquisa e Tecnologia.

Tartaruga sentiu-se pequenino hoje. Mas este sorriso, ninguém o tira da minha cara

7 comentários:

  1. há pessoas que marcam profundamente não é? Às vezes só o estarmos perante a sua presença já é algo que nos enche de energia e entusiasmo, e é como dizes ficamos com um sorrisão. É por de vez em quando conhecer pessoas assim que acredito que ainda há esperança de um mundo melhor:-)

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  2. Falando da cidade do futuro, acho perfeitamente natural a utilização de termos como fuck ou bullshit!

    Abraço!

    PS: e tira esse sorriso da cara, pareces o Joker!

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  3. "Porsche runs SAP"

    A SAP está no topo, logo não se esperava uma pessoa menos "mediática". Reconheço-lhe a inteligência, no entanto vejo algum "cinismo" (termo muito mal empregue mas não me ocorre outro)em todo o seu discurso, e em especial no discurso do seu documentário. Mas sim, é sem duvida uma pessoa interessante.

    Não conhecia o projecto de que falaste depois, mas vou averiguar, e tu próprio deverias fazer um artigo para a malta :p

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  4. ui, já me basta escreve-lo para o trabalho. Aqui só escrevo banalidades :D

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  5. Isso não é motivo de te sentires pequenino; digamos que cresceste um pouco no enriquecimento da tua pessoa...e isso é bom, muito bom mesmo.

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  6. Bem que eu tinha tudo organizadinho para ir ao evento... mas já a caminho do centro de congressos tive de voltar para resolver uma crise lá no trabalho, por isso tive de deixar o meu colega no Estoril e voltar para Sintra. Morri de inveja de lá o deixar e ter de vir embora mas teve mesmo de ser... bem, pelo menos conseguiu alguns contactos e conseguiu, também, que recebêssemos de futuro o carro eléctrico para uma exposição temporária... ainda bem que gostaste e imagino que deva ter sido muito enriquecedor... esse sorrisinho é merecido

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  7. Quanto ao Al Gore, já o vi como «salvador», depois como «economicista» e agora estou um pouco na defesa. Creio que está a desenvolver um discurso cada vez mais virado para as elites. Ok, são as elites que mandam na indústria e que podem ter algum poder na redução das emissões de CO2. Mas uma coisa não invalida a outra.

    Quanto às pessoas cinzentas, são, de facto, medonhas!

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