sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Descrenças

A sério. Eu adorava, mas adorava acreditar em alguma coisa. Não sou muito picuinhas. Qualquer coisa serviria. Tenho ciúmes das beatas que todos os domingos vão à missa, de coração cego de esperança, sem perguntas mas muitos pedidos. Adorava ser benfiquista ferrenho. Ou melhor, nem era preciso tanto. Bastaria-me gostar de futebol para poder discutir com os meus amigos, logo pela manhã de segunda-feira, se era ou não penalti ou ir para o Marquês do Pombal apitar a buzina. Oh páh! E o quanto eu gostava de defender os valores e ideologias de um qualquer candidato presidencial. Sair à rua, orgulhoso de bandeira na mão. Ver uma arruada, assim sei lá, no Chiado e em vez de fugir agoniado, esperar pelo candidato, envolver-me na multidão e espernear até conseguir dar-lhe um beijinho. A sério. Tenho pena de não acreditar. 

9 comentários:

  1. Oh, terás, com toda a certeza, imensas qualidades invejáveis por muitas pessoas. Cada um de nós é um ser único e irrepetível. Uns mais do que outros, certo, mas procura em ti o que tens de único e especial. ;)

    lots of love ^^

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  2. Uma boa análise, que ultrapassa o subjectivismo, para se tornar generalista.
    E é em nome desse colectivo de "descrençados" que deves ter a coragem de ir votar...

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  3. Oh, não sejas assim, poucos tem a sorte de ter visto o urinol do CR. Com sorte ainda lá andavam umas pinguinhas...

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  4. A parte do futebol é bacana, alias, quantas vezes eu também ja não fiz isso....
    Mas temos que acreditar e defender com consciencia, e com limites, sem extrapolar...
    Forte abraço

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  5. Como te compreendo! A crença parece fugir de mim a sete pês, sempre que lhe inquiro algo, ou quando mais preciso dela.

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  6. Votar está garantido. Só não o faço quando estou fora da cidade. Agora em quem... essa é que é a questão

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  7. A crença,faz parte do ADN do homem. Quer queiramos quer não precisamos de ancoras, de colunas fortes que ultrapassem a finitude do humano. Por isso quanto mais infinita for a crença ou fé, mais o homem se equilibra.
    Nesta sociedade Pos-Moderna, que apregoa a morte de Deus, voltamos para o Paganismo, adoramos idolos, o bem estar, a beleza, a riqueza etc. Mas como nada disso é eterno não nos sacia e andamos a saltitar de um lado para o outro até nos sentirmos preenchidos.
    Como te entendo Speedy. Quando senti essa mesma falta, comecei a fazer caminho, o meu. Não porque precisava de uma boia de salvação, mas porque precisava de um sentido para a vida. Hoje tenho-o.

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