domingo, 12 de fevereiro de 2012

Como manter uma relação gay?

Uma das queixas que mais se lê online, um pouco por cada blogue, é a dificuldade em manter uma relação gay. Não a começar uma relação porque isso sabemos como se faz, não é seus porcalhões? Eu geralmente começo com beijos no pescoço ou com uma mão logo no pacote. Depende da fome. Mas adiante. A dificuldade em manter uma relação gay é a mesma que existe em manter uma relação heterossexual. Eu sei, já experimentei os dois tipos. A única e grande diferença residirá, talvez, em: aprendermos a aceitar quem somos; ganharmos o respeito e aceitação de quem é importante na nossa vida; e estarmos preparados para enfrentar algumas situações potencialmente homofóbicas. Não é por isso de estranhar que, ainda antes de começarmos uma relação, julgarmos que ela não tem futuro. Se não bastasse, continua a imperar o preconceito - promovido também por nós - de que as relações gays nunca resultarão na construção de uma família, estão cimentadas na satisfação imediata pelo sexo e são assombradas pela possibilidade iminente de traição. Ou seja, as relações gay não têm objectivos a longo-prazo. Quero acreditar que não corresponde à realidade ou, pelo menos, ao desejo da maioria. Todos tememos a solidão, verdade? E afinal, se bem analisados os argumentos, será uma relação gay assim tão diferente de uma relação heterossexual? Não terá a relação gay também de ser baseada no amor, confiança, companheirismo e no apoio mútuo? As relações gays não são assim tão complicadas. O problema reside mesmo em cada um de nós e rege-se pelos nossos objectivos. E sempre será uma questão de entrega.

34 comentários:

  1. Quando oiço/leio esses comentários só me apetece responder BULLSHIT! Uma relação é uma relação... e depende de 2 pessoas, sejam elas do mesmo ou de diferente género.

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    1. de acordo iLove. E o que dizer dos casais que abrem a relação a outras pessoas?

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  2. Olá.
    Peço desculpa pela intromissão, mas descobri o blog por mero acaso,e não resisti a comentar o post.
    Concordo com o que escreveu, e por experiência própria, considero que uma relação baseada nos moldes que referiu, resulta sempre quer seja heterossexual, quer homossexual.
    A única diferença é mesmo a homofobia, mas não é nada que consigo destruir um relacionamento quando ele é puro.
    Desejo tudo de bom para sua relação.

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    1. Obrigado pelos seus votos e, claro, é sempre bem-vindo ao meu aquário. Abraço :)

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  3. Tu finalizou muito bem o post, concordo que é questão de entrega...
    Alguns amigos conhecem o garoto hoje, amanha ja estao namorando e depois já estão largados, se preciptam e depois reclamam...

    Na realidade, eu nao estou preparado para uma relacionamento, ainda não confio no caráter do ser humano, independente de ser hétero ou gay, falta muito comprometimento, fidelidade, então não me entrego por medo, insegurança, estou ciente de algumas consequências, apesar do medo da solidão.
    Forte abraço!

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    1. Por vezes é preciso arriscar Ro. E tu sabes disso. Não podes deixar-te dominar pelo medo da rejeição. Abraço

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  4. Concordo, é tudo uma questão de entrega... =)

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    1. acho que o problema de entrega está mais relacionado com uma questão geracional, do que propriamente de género sexual. Mas isso daria origem a uma nova discussão :)

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  5. Aos dias de hoje, digo que é tudo muito giro mas é "cantado". Claro que concordo com o Miguel e contigo, onde tem de haver cedências parte a parte, remar em conjunto para o mesmo Objectivo/fim.

    Claro que as relações gays são iguais às relações heteros. Também existem casais que não podem ter filhos, que os já perderam infelizmente, e que continuam juntos. O Caso do Rui Pedro, os pais permanecem juntos.

    Sou surpreendido muitas vezes aqui na blogesfera, por testemunhos de casais gays que se amam e tem relacionamentos longos. Concordo em pleno: Para um relacionamento dar certo, tem de haver entrega e partilha...

    Abraço :)

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    1. A questão é que nem deveria ser uma surpresa, não é Francisco? Porque é que os consideramos uma raridade?

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  6. Subscrevo o comentário de ILoveMyShoes.
    E para responder à questão que fazes a seguir, diria que isso é opção do casal. Quando a opção é só de um, surgem problemas... O mais curioso é que a sociedade ainda desculpabiliza o marido que encorna a mulher (é coisa de macho, dizem) e marginaliza o homem que gosta de outro homem ou a mulher que gosta de outra mulher.
    A ideia que tenho é que as pessoas vivem cheias de problemas nas suas cabecinhas e com muitas inseguranças. Assim, gostam de rotular alguém como "maricas", "gordo", "preto", etc, porque é uma maneira de se sentirem mais importantes.
    No que depender de mim, o meu filho não vai ser criado com preconceitos.
    Acho que me desviei um pouco do tema do post...
    Boa semana, Speedy! :)

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    1. Não tenho dúvidas de que o teu filho vai ser um homem bem formado Marisa. Uma óptima semana também para ti Marisa. beijo

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  7. Tens toda a razão Speedy. Uma relação gay é idêntica a uma relação heterossexual. Tem o mesmo tipo de problemas, desavenças, sentimentos, tudo. A diferença é mesmo o facto de nós termos que aprender a lidar com o preconceito.. mas acho ridículo que se pense numa relação homossexual como algo destinado a acabar. Nós temos sentimentos e queremos ser felizes como qualquer pessoa hetero, não somos nenhuns seres alienados que só querem sexo.

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    1. sei que existem aqueles que apenas procuram diversão. Mas também os existem nos heteros.

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  8. Speedy, abordaste muito bem essa problemática. Eu creio que o mais importante é existir amor e entrega. De resto, as relações homossexuais são iguais às heterossexuais, com a agravante do preconceito que, por vezes, mina alguns relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo.
    Com boa vontade de ambas as partes do casal, uma relação gay é tão estável quanto uma hetero. ^^

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    1. por acaso, às vezes até acredito que um relacionamento homossexual é mais saudável. Acho que o nível de intimidade e companheirismo excede em muito o de uma relação hetero.

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  9. Tentei responder à resposta mas... não consegui.

    Casais que abrem a relação a terceiras pessoas... nada a dizer. Cada um sabe de si... e também não vejo que haja diferença entre homos e heteros nesse campo...
    Quando se decide ter uma relação (e decidir não é a palavra certa... eu continuo a achar que acontece, simplesmente), há uma coisa importante. Talvez o que me parece (e falo por mim) mais importante numa relação - respeito. E quando se respeita os horizontes são traçados. E a minha relação pode ser diferente da tua, ou diferente de outra qualquer, mas não deixa de ser menos relação do que as outras.

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    1. estava a tentar direccionar a minha pergunta para os moldes de relacionamento e não para um julgamento de valor iLove. O par, que continua a ser o molde de relacionamento vigente, remonta à era bíblica. Continuará actual?

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    2. Hmmm... não tenho nada contra e não estava a fazer julgamento. Conheço dois ou três casos de relacionamentos com mais de 2 pessoas... e volto a dizer o mesmo: se houver respeito na relação não vejo porque não possam ser 3 ou 4 ou 5.

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    3. Completamente de acordo. Aliás, hoje em dia é mais fácil pagar uma renda se formos três a viver sob o mesmo tecto :D

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  10. (o comentário acima está meio confuso e num português macarrónico... mas é da hora...)

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  11. Adorei este post.
    Tocas num ponto fundamental para também tentar desmistificar que os homossexuais (masculinos e femininos) só querem é sexo e nada de relações, quanto mais de relações longas. É tudo um jogo de cintura, de partilha, cedência, às vezes custa, mas é tão bonito e a recompensa é tão boa.
    Parabéns.

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  12. Só uma pessoa falou numa coisa tão fundamental para um relacionamento ter sucesso, quer hetero, quer homossexual, além da entrega e da partilha.
    Foi este segundo comentário do I love...: o RESPEITO!
    Sem isso, não se vai a lado nenhum.

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  13. Não tem nada a ver com orientação sexual... tem mesmo a ver com uma nova postura que as pessoas assumem perante projetos que dão trabalho (sim, como uma relação a dois): é engraçado no princípio mas depois aborrece. E há tanto heterossexual por aí que também não está para se chatear...

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    1. Como dizes: só aborrece se as partes interessadas deixarem de investir. abraço

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  14. Por acaso discordo um bocado de algumas coisas. Não acho que seja tão fácil manter uma relação gay como é manter uma relação hetero. Também já estive dos dois lados e, bolas, acho que nem tem comparação. Vou pegar em dois dos pontos que dizes: ganhar o respeito e aceitação de quem é importante na nossa vida. Não dá. Os meus pais são importantes na minha vida, mas jamais aceitariam a minha relação com o P ou com qualquer outro homem. Sertir-me-ia culpado pelo sofrimento que lhes inflingia, e que se repercutiria em mim. Prefiro mante-los na santa ignorância, apesar de, de vez em quando, ter de ouvir o comentário de que estou com idade para casar.
    O outro ponto é estarmos preparados para enfrentar algumas situações potencialmente homofóbicas. Algumas? No meu trabalho o meu boss é um fdp homofóbico. As pessoas com quem trabalho são prosaicas, e sim, isso incomoda-me. Lembro-me sempre de um casal de namorados que parou o carro aqui em frente ao prédio e começou a dançar a Pasion do Rodrigo Leão e no final toda a gente que foi à janela atraída pelo barulho começaram a bater palmas. Se fossem dois homens a dançar, teria o resultado sido o mesmo?
    Por isto e outras cenas, acho que é muito mais difícil manter uma relação gay. E é por isso mesmo que tenho tanto orgulho não só na minha mas na tua e na dos outros que por aqui andam.
    (desculpa lá o comentário visceral, saiu-me)

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    1. Nem todos temos de estar de acordo Coelho. Apenas te digo que as coisas mudam. Obviamente que não te conheço, tão pouco os teus pais. Mas vai na volta e ainda te surpreenderiam. Quanto ao trabalho, não será certamente o teu trabalho para o resto da vida. Existem dificuldades e limitações inerentes ao facto de sermos gays, de termos uma relação homossexual, e comentei-as no texto. Mas aposto que essas dificuldades e limitações não diminuem em nada o amor que sentes pelo Outro Coelho :). Um abraço Bunny

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  15. Tb já tive as duas.
    De facto, podem surgir algumas dificuldades associadas à natureza da relação, mas o importante é perceber que não se chega a lado nenhum se não conversarmos sobre os problemas ou dificuldades no momento certo.
    E como dizia o pinguim, o respeito é fundamental, e por vezes as relações degradam-se porque se perde a noção dos limites do respeito.
    abc

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    1. completamente de acordo. Eu e o meu rapaz estamos constantemente a falar sobre a nossa relação e o que nos rodeia. gosto bastante da abertura que temos para falar. felizmente. um abraço

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  16. Passo por aqui de vez em quando e nunca fiz um comentário antes. Mas agora tem mesmo de ser porque este é um tema que acho importante, a construção de uma relação entre duas pessoas (fico de lado na parte de relação aberta a 3ºs). É que eu acho que anda tudo aí num grande comodismo e hipocrisia, mas o que me tem valido em acreditar numa relação para mim, com tudo: companheirismo, paixão, paciência, etc, é o facto de conhecer dois casais (se calhar devo dizer dois pares, pois não sei se se pode chamar casal a pessoas do mesmo sexo) que têm esse tipo de relação. Os meus pais, casados há montes de anos (35) e uns amigos casados há ano e tal (porque são dois homens não deu para casar antes) mas juntos há 10. Tanto uma como outra são relações fantásticas e bem, por acaso na minha estatística está 50% para cada lado, hetero ou homo. E atenção, não há aqui preconceito de achar que só quem é legalmente casado tem uma relação destas, por acaso estes dois casais são legalmente casados, mas acho que isso é consequência e não causa da sua felicidade. Por isso, pela minha experiência, há mesmo relações em que cada elemento é a meia laranja do outro.

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    1. eu acredito que a "meia laranja" constrói-se. Uma relação para funcionar tem de ter bastante jogo de cintura e todos os ingredientes que enumeraste e mais alguns. Obrigado pela visita ilustre desconhecido e espero que um dia voltes a encontrar um post merecedor de comentário ;)

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