Pois que é uma papelaria

Desde muito novo que o meu pai sempre me disse o mesmo: a trabalhar para os outros que nunca seria rico. Palavras e conselhos que me marcaram, dado que eu apenas tenho uma certeza na vida: quero ser rico. Como trabalhador, posso orgulhar-me de dizer que sou dos melhores que um patrão pode ter. Sou incansável, trabalho até às horas que forem necessárias, desperdiço a minha vida privada para cumprir prazos... fins-de-semana incluídos. Agora apenas exijo uma coisa: ser respeitado e compensado. Quando não acontece, o final é sempre o mesmo: parto para outra aventura. Farto de trabalhar para os sonhos dos outros, decidi, aos 30 anos, trabalhar para o meu próprio sonho: ser rico, já o tinha dito.

Juntamente com os meus irmãos (somos quatro, sendo eu o rapaz mais novo), decidimos abrir um negócio. Isto, antes de começar a gerir os negócios dos meus pais. Um estágio, se assim o quiserem. O negócio escolhido foi uma papelaria, um estabelecimento com mais de 20 anos de existência, na linha de cascais, e uma facturação bruta diária acima dos 1500 euros.  Foi necessário um investimento inicial elevado, mas ao fim de um mês de actividade acho que foi uma decisão certa. Por causa da minha mini-depressão, foi um dos meus irmãos mais velhos a assumir as rédeas diárias do negócio. Esta segunda-feira, começo eu a bombar.

Agora, os problemas do estabelecimento são muitos e vai demorar a colocar a casa de novo funcional a 100%. A minha carreira como jornalista ou assessor, em modo freelancer, vai, por isso, ficar em standby. Mas não tenho medo de um bom desafio.