terça-feira, 26 de outubro de 2010

Amor gay é mais forte?

Motivado por esta reportagem, rebusquei uma teoria velhinha que guardo no cérebro, no meio de tantas outras. Tenho cá para mim que o amor gay é mais forte do que o amor hetero.

... pausa para pensarem.

E agora acompanhem-me. Sei que uma orientação sexual não tem nada a ver com grau de sentimento que podemos nutrir por outra pessoa. O amor é transcendente. Mas baseio-me na dificuldade óbvia de um gay assumir a sua sexualidade, por medo de discriminação, e de exprimir os seus reais sentimentos. Quem nunca nutriu um interesse especial por um amigo mais próximo, mas que se reprimiu por receio de ser marginalizado? Um gay apaixonar-se, em particular em idades tenras, é uma verdadeira roleta russa. Inseguros, só a hipótese de demonstrar publicamente as nossas emoções, pode colocar-nos numa situação delicada. Nunca se sabe como o Outro pode reagir. E o medo de rejeição é maior por isso, talvez, seja mais seguro ficar no "e se eu tivesse falado".

Mas e se formos correspondidos?
Peguemos por exemplo no primeiro amor. Jovens, com as hormonas ao rubro e o desejo de encontrarmos alguém, torna-nos mais frágeis mas também mais propensos a vivermos uma paixão desmesurada. Só o facto de encontrarmos finalmente alguém com quem partilhar a nossa intimidade, sermos verdadeiramente como somos e podermos ser sinceros sobre tudo, acaba por tornar o amor muito mais intenso e cúmplice do esperado. O de "Finalmente encontrei uma alma gémea". Caso a relação não se evolua como desejável, também penso que a dor de rejeição demorará também mais tempo a passar.

Obviamente que falo por experiência própria. Para os mais distraídos, eu considero-me bissexual, pelo que já experimentei os dois lados da barricada. Já vivi um primeiro amor hetero e um primeiro amor gay. E incrivelmente já fui rejeitado, sendo que o que deixou a pior cicatriz foi o gay! Mas olhem... bem se arrependeu.

E vocês o que me dizem? (além de palhaço, claro)

17 comentários:

  1. Eu cá não vejo possibilidade de comparação e juízo adjacente possivel. como tu próprio dizes um sentimento é independente em existencia e qualidade de qualquer outra coisa. principalmente da razão. para além disso é impossivel, como sentimento, de ser comparado. nao é mensurável. e principalmente, nao é sequer, descritivel. por mais palavras aplicadas lhe será feito juz.

    agora, a vivencia do amor é k pode ser mt e variada e ai concordo cntg. a vivencia do amor homossexual e ousada, arriscada, invasiva e atrevida. e isso pode mudar mt ambos os amantes: em cada um deles, no seu conjunto e no que os rodeiam.

    e permite-m, para terminar, expressar a minha ressalva que falas do sentimento que eu mais admiro, nao por ser O amor, mas sim, por ser o sentimento mais versatil k existe. ele dobra-se e desdobra-se. temos amor paterno, fraterno, de amizade, familiar, conjugal... enfim, como a reportagem ilustra, apenas AMOR...

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  2. Ainda não passei do primeiro parágrafo mas apetece dizer: Amor é Amor; aão se mede, sente-se simplesmente.

    PS: Depois leio o resto.

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  3. Não sei se será diferente... Nunca experimentei "o outro lado da barricada"... lol

    Neste momento, estou numa relação de dois anos, que se vai construindo a cada dia que passa... O que poderá ter de negativo é que é socialmente reprimido, ou seja, não dou um beijo no meu namorado na rua, nem tão pouco lhe dou a mão (não que vontade não me falte, muitas vezes)!

    Tenho noção que talvez por isso, o facto de so podermos dar asas aos gestos de afecto e carinho num determinado espaço, resulta de uma maior "união". Quando estamos no nosso canto há coisas bem mais interessantes para pensar em fazer do que discutir. Nesse ponto, talvez a nossa relação, por ser gay, esteja mais reforçada do que uma relação hetero.

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  4. Não te vou chamar de palhaço, muito pelo contrário. Eu também sou bissexual e acredito sem dúvida que o amor não escolhe. Não escolhe sexo, não escolhe locais, não escolhe estatutos sociais nem idades. Simplesmente é cego e cabe-nos a nós mostrar-lhe um pouco de esperança.


    Claro que a revelação de sentimentos 'gay' dói sempre mais do que quando é entre hetero mas é deveras tão ou mais intenso. Eu sempre me magoei mais nas relações 'gay' do que nas hetero e também posso dizer que amei mais nestas.

    E realmente o problema é o inicial 'conto ou não conto'? E depois acaba-se por contar e receber uma enorme nega, que nem assim nos faz desistir.

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  5. É... eu também 'tou tentado a escrever que "Amor é Amor", assexuado. O sexo (ou a combinação deles) é que marca a diferença. Também é diferente se tens sexo pelo sexo ou se tens sexo por amor. Quando nos prendemos a alguém e gostamos, poderemos tornar-nos homossexuais ou heterossexuais para toda a vida. Mas há quem discorde disto e deve ter, igualmente, toda a razão!!! Abc,

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  6. Digo que concordo contigo quando dizes que é mais complicado para um jovem gay ou bissexual aceitar-se, ultrapassar a sua diferença e encontrar uma forma de estar num mundo que o pode rejeitar simplesmente por ter nascido assim.
    Contudo acho que essa dificuldade em nada está relacionada com as outras formas de amor. Tanto as relações heterossexuais como as relações homossexuais são capazes de sentir na mesma intensidade esse sentimento. Depois existem várias formas de amor que foram abordadas na reportagem. Contudo, dentro do amor romântico achei uma falha muito grave terem deixado o amor homossexual de fora.
    De resto tenho a mesma experiencia que tu, tive várias namoradas quando era miúdo, a minha última relação hetero durou dois anos e foram anos muito felizes. A relação que mais marcas negativas me deixou tal como contigo, foi uma relação gay. Mas também são aguas passadas agora estou melhor que nunca. Quanto à orientação sexual, nem que pudesse não mudava, penso que ser bissexual põe muito menos barreiras. Permite-nos amar alguém pela pessoa interior que é e não pelo invólucro ou pela sua genitália.
    Um abraço.

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  7. Isso nao depende da orientação mas sim das pessoas, não gosto dessas teorias...

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  8. Concordo contigo quando dizes que a orientação sexual de alguém não está relacionada com a intensidade do amor. De facto, não o está.
    Gostar de amigos (heteros, acrescento) é o dilema de muitos. É quase obrigatório. :)

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  9. Sempre ouvi dizer, que a bissexualidade é um caminho para a homossexualidade. Nunca conheci nenhum gay que virasse hetero. Mas, já conheci muitos heteros, viraram gays...

    Qual o amor mais forte?

    Eu diria, que depende das pessoas em questão. Existem homens que amam mais, noutros casos são as mulheres.

    A realidade é que um hetero consegue ter uma relação de maior duração. Claro que existem mais factores, casa, filhos, casamento.

    Os gays ao final de 6 meses, abrem a relação...

    Creio que os homens são mais carnais e parece que a relação gay, é mais intensa. No fundo, quantos heteros tambem tem relações abertas e muito intensas no inicio?

    Estou a falar numa generalidade e sem apontar o dedo a ninguém. Ainda me cruxifica alguém a dizer: Eu sou gay, amo o meu namorado e ele ama-me a mim...

    É como o homem hetero que vai às putas, o gay vai à mata e não paga o serviço....

    Abraço

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  10. Eu não concordo nada com este post, não pelo seu conteúdo mas pela confusão de termos. O que eu concedo que seja mais forte é o desejo gay, não o amor. Amor, desejo e paixão são conceitos diferentes e bem definidos (apesar de se sobreporem).

    Tu não encontras uma "uma alma gémea" quando conheces um rapaz gay, ou contas a uma amigo hetero sobre a tua orientação sexual. Uma alma gémea é bem mais que isso (e aí sim podemos, eventualmente, falar de amor). Eu falo abertamente da minha orientação e relações a amigos hetero e não é por isso que sinto um desejo louco por eles.

    Um namoro, sim, ultrapassa (porque engloba) simultaneamente desejo, paixão e amor (por esta ordem). Gay ou hetero, ambos os mundos (eu também o sei, apesar de não ser bi) têm igual dificuldade em encontrar almas gémeas. Ou nunca se teria escrito tantos contos de fadas.

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  11. Continuando o meu raciocínio e correndo o risco de estar a repetir o que já por aqui foi escrito.

    A questão de ser mais forte ou não prende-se efectivamente com o ambiente envolvente. Se viveres num ambiente para o qual a homossexualidade é um tabú, podes considerar que o amor é mais forte, ou seja, une mais os parceiros; se o ambiente for propício à opção gay, amor é igual para todos.

    Como disse amor é amor. Tudo o resto é uma questão ambiental.

    Penso eu de que...

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  12. "incrivelmente já fui rejeitado" adorei o advérbio XD.

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  13. Ena isto hoje está animado. Vou tentar responder a todos mas tentar manter-me dentro do tema que falei no post. Existem aqui outros tópicos que dariam uma nova discussão de ideias e acho que não deveriam ser abordados agora. E como tive um dia de trabalho de 15 horas, aviso já que vou cometer gaffes.

    @ JS - Concordo contigo quando dizes que o amor gay é possivelmente mais ousado. E é neste sentido que falava no post. O amor gay ao "desafiar" as convenções sociais, leva-me a crer que torna os dois amantes mais cúmplices. E o apoio e empatia que encontram na outra pessoa é, pelo menos enquanto temos círculos de amigos mais restritos ou que desconhecem a nossa intimidade, quase insubstituível.

    @EU - Concordo plenamente contigo. E como voltaste aqui, e reafirmaste a tua opinião, voltei a concordar. O ambiente envolvente define sem dúvida as nossas relações.

    @Filipe - infelizmente parece que vai continuar a ser assim. Mas acredito que brevemente poderemos expressar as nossas emoções sem medos de julgamento.

    @Paul- Tal como tu, também sofri mais numa relação gay. depois da hesitação para tentar dar início a algo tão especial, de projectar cenários e futuro a dois, sabermos que do outro lado, afinal, o sentimento não é reciproco, é duro.

    @Luís - Gostei da tua definição do Amor. Assexuado. Acho que vou adopta-la como minha e patentea-la :)

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  14. @Psi - O amor gay na reportagem só aparece no início, com um ou dois frames de dois casais. nada mais e sinceramente também achei que poderia ter sido feito mais. quem sabe numa próxima.

    @Isa - Quando estava a escrever este post, pensei que ia levantar muita celeuma. E parece que aconteceu. Mas também é uma oportunidade para saber mais um pouco sobre quem por aqui passa.

    @Mark - Nunca cheguei ao ponto de me apaixonar loucamente, mas olhava uns quantos pelo canto do olho. Mas admito que fui um coninhas e nunca tentei nada com amigos próximos

    @Francisco. Ui rapaz, levantas tantos temas. Deixamos a bissexualidade para depois. E a questão dos gays abrirem a relação para outra vez também, porque não percebi o teu ponto. Agora, em relação ao amor carnal. Aceito perfeitamente este teu argumento. Quando era mais novo, lembro-me de ter uma "fome" de experimentar um homem. As primeiras vezes, parecia sôfrego. Mas não concordo com a questão da promiscuidade, se era por ai que escrevias. também dava um tema para desenvolver.

    @Pedro- Alma gémea talvez não se tenha revelado a melhor escolha de palavras. O que procurava dizer é que quando se encontra, em especial pela primeira vez, alguém que vive a sexualidade como nós no meio de tanto preconceito, a identificação é quase imediata. Misturado com algum "desejo gay"? Sim, I'll give you that.

    @Luso- tenho a mania de que sou especial. O rapazito não me via como namorado. Já passaram dois anos e de volta e meia, ele tenta novamente a sorte. Pois agora, chupa chupa... no dedo.

    Obrigado a todos

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  15. E fazes tu muito bem, assim é que é. Eu apoio-te na escolha de palavras :P.
    Quanto ao rapaz, é bem feito para ele. Agora serve como mimo à auto-estima, quer mas não pode.

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  16. Isto dá pano para mangas...
    Para começar nunca amei ninguém de sexo contrário, pelo que não posso compará-los, na minha pessoa; mas objectivamente quando o amor é verdadeiro e igual nas duas pessoas, não vejo que se possa dizer que o amor homossexual é mais intenso que o hetero.
    Percebo, claro, o que queres dizer, na tua conclusão, mas repara que para se chegar a um verdadeiro amor entre dois homens é preciso vencer várias "batalhas" e não é só o preconceito. Como o Francisco diz e bem, muitas relações não chegam ao amor, e são mal catalogadas como tal, pois não passam, tanta vez de entusiasmos sexuais um pouco mais prolongados, algumas outras chegam à paixão, mas paixão não é amor.
    Isto para dizer que é muito menor o número de casos se amor homossexual que heterossexual, independentemente da desproporção natural.
    Talvez que por vencer tantas "batalhas" o amor homossexual se torne mais consistente, e mais intenso na sua vivência.
    É preciso muito cuidado com estas coisas do amor, pois este sentimento é muito especial, varia de pessoa para pessoa e atinge graus diferentes de intensidade.
    Post interessante, pelo debate que levantou e é assim que eu gosto da blogosfera: interactiva!

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  17. Gostei da visão poética que deste ao amor gay. É uma cruzada, sim, e os que se apaixonam têm que ser mais fortes que os heteros, sim. Mas apaixonam-se poucos. Muito rápido. Por pouquíssimo tempo. Nem chega a ser coisa-nenhuma.

    Very Best Hug, amribeiror

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